segunda-feira, 18 de abril de 2011

TORRE DA IGREJA (dedicado à Igreja de Santa Luzia, Machados — Navegantes/SC)

É fim de tarde o sol vai se escondendo
O dia acaba, a noite vai chegando
Da minha janela posso observar
A torre da igreja aos poucos desaparecendo

Tenho uma bela vista da torre da igreja
Começo a vê-la ao clarear do dia
É uma igreja antiga
Onde as pessoas oram e fazem pedidos à Santa Luzia

Para Santa Luzia eu tenho orado
Com os joelhos dobrados pedindo proteção
Que me dê força e muita saúde
Continue iluminando a minha pouca visão

Agradeço a Deus, meu Pai-Criador
Pois ele me protege seja noite ou dia
Que me mantenha sempre pelo bom caminho
Pois eu sou devoto de Santa Luzia

Sou homem feliz, e vivo contente
Mantenho a fé seja noite ou dia
Fico horas i horas a apreciar
A torre da igreja de Santa Luzia

sábado, 16 de abril de 2011

Deus

Deus é tudo
Em minha vida!

D'Ele depende
Meu próximo
Passo

Quando Eu Partir

Quando eu morrer, por favor, não chorem
Nem fiquem tristes com a minha partida
Aqui na terra estamos de passagem
Nos preparando para uma nova vida

Quando eu partir, deixarei saudade
Ficam as amizades e tantas coisas a mais
Por favor não chorem estou lhes pedindo
Amigos, parentes; e meus queridos pais

Quando se lembrarem desta minha estada
Recorde os bons momentos que aqui vivi
Esqueçam as dores e o sofrimento
Que tive que enfrentar bem antes de partir

Talvez a vida fosse bem diferente
Eu viver sorrindo, longe da doença
Mas não se pode mudar o destino
Temos que vencer obstáculos, rumo à recompensa

Aqui me despeço, pois estou partindo
Adeus meus pais, amigos e parentes meus
Espero no futuro ver vocês sorrindo
Estarei feliz, ao lado de Deus

Autor: José Wilmar Pereira (Itajaí/SC

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Bela Natureza

Há poucos dias acordei
Resolvi falar da natureza
Comecei a visualizar tamanha beleza
Às vezes na correria do dia a dia
Passa despercebido

Ao amanhecer o sonoro canto dos pássaros
A relva sobre o pasto e plantas
Um visual quase europeu
É de lavar a alma

Autor: José Wilmar Pereira

segunda-feira, 28 de março de 2011

Carcinoma Espinocelular

Ao descobrir um baque
A queda momentânea de alta estima
A decepção, o desespero

Uma simples íngua na pelve direita
Exames de biópsia
Diagnóstico: carcinoma espinocelular, ou seja, câncer

Opção: tratamento químico
Após ter feito tomografia
Diagnóstico: continua evoluindo
Solução mais viável: cirurgia

Já com aparência debilitada
Devido à quimioterapia
Com quedas de cabelo
Encarar o bisturi

Extraído o tumor da pelve direita
Após dois meses, nova tomografia
Resultado: problemas na pelve esquerda
Diagnóstico: tumor, opção: radioterapia

Foram trinta e seis sessões de rádio
Resultado: o tumor insiste teimosamente
Novo diagnóstico: cirurgia. Encarar bisturi

E assim já são catorze cirurgias
Numa verdadeira gangorra de vai-e-vem
Afinal de contas são dez anos de luta e muita fé

Apesar da luta incessante, sou alegre
Quem trava este tipo de luta
Não pode desanimar

Ao acordar para um novo dia
Tem que agradecer a Deus
Assim sou eu

Autor: José Wilmar Pereira

quarta-feira, 23 de março de 2011

Memórias da Minha Infância

Quanta saudade da minha infância
Acordar cedinho, ir à escola
Começando pelas primeiras letras
Desenhando na folha do caderno

Na hora do recreio, íamos brincar
Lanche: pão caseiro, banha de porco com sal
Os tempos eram outros – muito diferentes
Engraçado, comíamos e não fazia mal

Depois da escola ao voltar para casa
Num terreno grande a gente brincava
Carrinho de lata preso a um cordão
Uma bola de meia pra gente chutar

Televisão? Não se via falar
Feliz de quem tinha um rádio a bateria
Ferro de passar, aquecido em brasa
E a roupa lavada com sabão em barra

Rua calçada, a gente não via
Era chão batido para caminhar
Com os pés descalços à aula eu ia
Ninguém ousava falar, reclamar

No fim do ano chegava o Natal
Ficávamos ansiosos aguardando o presente
Coisa simples dadas com carinho
Felizes rezávamos: agradecidos, contentes

O tempo passou, tudo evoluiu
As coisas mudaram, o mundo cresceu
Sinto grande saudade do tempo de menino
Restaram lembranças neste peito meu

Autor: José Wilmar Pereira

sexta-feira, 18 de março de 2011

Confesso: Tive Medo

Não seria capaz de maltrata-la
Pois, sinto por ti um amor profundo
Sentimento inigualável

Temos erros e acertos
Choramos, sorrimos, brigamos
Mas, jamais perdemos a essência de amar

Preocupa-me ao ver que o tempo passou
E o fim se aproxima
Como não posso pará-lo
As rugas marcam meu rosto

Tentamos, mas ele é implacável
Não nos dá sossego
Confesso: tive medo...

...Medo de ficar só:
Em plena velhice

Que tolice...
...Se tenho você

Junto vencemos vários obstáculos
Rejuvenescemos nosso espírito
Não posso ter medo
Com você junto a mim...
Ah! Ah! Ah!
Adeus medo!

Autor: José Wilmar Pereira

terça-feira, 15 de março de 2011

Sonhos

Quando se é criança, imaginamos coisas
Que com o tempo tentamos conquistar
Pois quando criança, criamos fantasia
São muitos sonhos para realizar

Planejasse viajem pelo mundo afora
Tudo é tão fácil, está no pensamento
Quando percebemos o tempo passou
E não realizamos por falta de tempo

Talvez o tempo seja só desculpa
Que a gente acha pra justificar
Por que quem luta, insiste, consegue
Fazer o sonho se realizar

O tempo passa, e envelhecemos
Pois percorremos uma longa estrada
Uns são felizes com pouco que tem
Outros tem muito, mas parece nada

Isto é real e muito verdadeiro
Tenho certeza, pois preste atenção
Não adianta ter muito dinheiro
Se falta amor e Deus no coração

Autor: José Wilmar Pereira

quinta-feira, 10 de março de 2011

Indispensável

Grande companheira
Só nos separamos quando durmo
Me acompanha no café
Até quando vou ao banheiro

Somos inseparáveis
Ficamos no mesmo banco do carro
Exerce com destreza sua função
Quando me sinto inspirado

Transcreve para o papel
Versos soltos ou rimados
E quando escrevo contos
Ela trabalha bem mais

Faz parte da minha vida
Leva ao público minha inspiração
Não consigo viver sem ela
Minha indispensável: caneta

Autor: José Wilmar Pereira

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quanta Utilidade, Oh Boca!

Boca que canta
Boca que recita
Boca que diz adeus
Boca que chama

Boca que comenta
Boca que humilha
Boca que cumprimenta
Boca que reclama

Boca que mastiga
Boca que murmura
Boca suja de batom
Quando beija

Boca que condena
Boca que hesita
Boca que após um sorriso pronuncia:
Eu te amo

Autor: José Wilmar Pereira

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Acima de Tudo, Ame o Que Faz

Fantasias ficam no pensamento
Sonhos dificilmente acontecem
Vida real sim, vivemos intensamente

Cantar qualquer um canta
Pois a maioria canta da boca pra fora
Mas, quem canta tem que ter sentimento
Caso contrário, nada transmite

Assim é o poeta
No que escreve tem que ter
Sentimento e sensibilidade
Para passar ao leitor
Que o que escreveu é emoção

Um exemplo: atores
A maioria não tem alma
Fica uma interpretação robótica
Mas quando se coloca a alma
O público percebe e entra no clima

Assim é tudo na vida
Você tem que amar o que faz
Só assim se consegue colocar alma
E consequentemente
Alcançar os objetivos

Autor: José Wilmar Pereira

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Amor Verdadeiro

Ah quantos amores eu tive!
[ Mas só um amor verdadeiro ]
Passaram feito vento
Apenas deixando marcas

Quantas vezes troquei juras
[ Me julgando correspondido ]
Quando mais que de repente
A decepção chegava e com ela a solidão

Os anos foram passando
Novos amores conheci
Todos amores passageiros
Rapidamente esqueci

Decepções, desenganos
[ Sempre convivi com tais ]
Quando pensava que era amado...
Novamente o amor partia

Como tudo tem hora certa
A encontrei por telefone
Mais tarde, pessoalmente
Você me revelou seu nome

De nome Neuza Maria
Me dá amor e carinho
Sempre está ao meu lado
Este é meu amor verdadeiro
Por quem sou, enfim,
definitivamente apaixonado.

Autor: José Wilmar Pereira

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Decadência

Sonhos dispersos
Solidão aflorando
Acúmulo de incertezas
Decadência

A esposa partiu
Os filhos sumiram
Largou tudo
Entregou-se a bebida

Os sonhos sepultou
Fez da rua morada
A calçada virou leito
Como coberta: papelão

Virou trapo humano
Quem o conheceu
Não o reconhece
Cabelo e barba cumpridos
Ao contrário de outrora

Hoje li no jornal que o mendigo morreu
Encontraram em seu bolso um diploma dobrado
Onde estava marcado
Doutor psiquiatra: Romeu

Autor: José Wilmar Pereira

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Só Uma Chance

Queria ter você
Apertar junto ao peito
Com doçura e carinho
Te fazer mulher

Ah como eu queria
Viajar em teu corpo
Dando-te carícias
Te levar ao êxtase

Ah como eu queria
Te falar no ouvido
Palavras de amor
Estar ao teu lado

Ah como eu queria
Sentir teu calor
Explodindo de amor
Minha deusa-mulher

Ah como eu queria
Ter só mais uma chance
Confesso jamais
Teria te deixado

Autor: José Wilmar Pereira

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Meu Eterno Amor

Se um dia partires
Ao voltar não me encontrarás
Pois como um louco também partirei
Não sei viver sem você, irei te procurar

Se regressares: não me encontrarás
Irás me procurar nos bares,
Boates, bailes
Joguinhos de futebol
Ou praças

Procurarás informações com videntes
Por meio dos búzios, tarô, estrelas
Não te darão pistas
Podes crer, meu amor
Tenho em meu faro a essência de teu cheiro feminino

Irás me encontrar, sim
Ajoelhado em frente ao altar
Da catedral orando
Implorando a Deus
Tua volta

Autor: José Wilmar Pereira

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Só Uma Chance

Queria te ter
Apertar-te junto ao peito
Com doçura e carinho
Te fazer mulher

Ah como eu queria
Viajar em teu corpo
Dando-te carícias
Te levar ao êxtase

Ah como eu queria
Te falar ao ouvido
Palavras de amor
Estar ao teu lado

Ah como eu queria
Sentir teu calor
Explodindo de amor
Minha deusa-mulher

Ah como eu queria
Ter só mais uma chance
Confesso jamais
Desta vez, te deixaria.

Autor: José Wilmar Pereira (Antologia Contemporânea de Poetas Brasileiros Ed. 73)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Rodrigo e seu Natal mais marcante

Rodrigo — eis o seu nome —, um jovem senhor de pouco mais de quarenta anos. Honesto, trabalhador, sempre lutou para dar o sustento à sua maior preciosidade: a esposa e seus três filhos - Normélia, Mário e Amanda.
Lembro que ficou desempregado no início do mês de agosto daquele ano — ano em que todos os cristãos comemoravam o segundo milênio do nascimento de Cristo. E, por mais que se esforçasse diariamente, por mais que percorresse sua cidade e circunvizinhanças, não conseguia colocação. Ele orava, pedia a Deus que iluminasse seu caminho, todos os dias. Mas, dia após dia, sentia que havia sido esquecido pelo próprio Deus que ele procurava.
Todavia, continuava a rezar, impossível Deus ter-se esquecido de um filho seu. Impossível suas preces não chegarem a seus ouvidos. Ele não precisava que Deus o olhasse para que o emprego aparecesse. Ele não precisava que Deus dissesse “a” nem “b”, se Ele apenas ouvisse, as portas se abririam.
Entrou dezembro. Logo após um dia inteiro de caminhada, seus olhos vislumbraram na sala de estar a árvore de Natal, que sua esposa e filhos haviam montado. Foi como um antídoto de perseverança. Sentiu um aperto invadir-lhe o peito: sob esta, o espaço para os presentes, espaço para a tradição.
No dia seguinte, recomeçou sua luta, saiu de empresa em empresa procurando emprego colocação. Alguns dispensavam-no antes que dissesse algo. Outros, apenas mostravam uma placa: sem vagas.
Cansado, passando das doze horas. Viu-se em um banco de uma praça. O sol queimando sua pele. Os pés doloridos. O peito desfeito em dor. Sem poder mais se conter: chorou. E seu choro, seu lamento era um só: um homem como aquele que procurava Deus, em Deus seu maior refúgio, recebia apenas do próprio Pai o silêncio. E o silêncio era tão grande que começou a brotar no peito de Rodrigo o desespero.
Cabisbaixo não percebeu que alguém sentou ao seu lado. Era um senhor mal-vestido, barba branca:
- É tão fácil pedir, meu rapaz. Digo, pedimos a Deus: dai paz na minha família, dai paciência para suportar a teimosia da minha cônjuge. Mas, será que é tão simples assim, será que não queremos apenas um paliativo, um Deus-resolve-problemas? Será que é este tipo de Deus que os homens querem? Não um Pai que ensina a seus filhos a ter coragem diante das dificuldades, a ter esperança, a procurarem enfrentar e resolver seus problemas. E quando o homem não recebe este “milagre”, ele apenas critica: o Senhor esqueceu de mim, o Senhor me abandonou.
Rodrigo apenas o fitou. Ora, o que aquele homem tinha a ver com sua vida? Ora, ele não sabia das suas dificuldades, não sabia dos seus problemas. E quem era ele para medir a sua fé? Era 15 de dezembro. Como encontrar um emprego tão próximo da data natalícia?
- Vá, caminhe duzentos metros. Ali há uma igreja. Ali há o emprego que tanto procuras. E nunca mais diga que Deus se esqueceu de ti.
A princípio refugou pensando: “este senhor deve estar delirando. Ora, andei em todos os lugares, percorri todos os cantos e não encontrei nada. E todos os dias vou a essa igreja, como poderia haver ali um emprego?”. Todavia o homem insistiu:
— Vá, ande, vá!
Resolveu então encaminhar-se até o templo. Dentro, ajoelhou-se como sempre fazia diante do altar. Em prantos pedia: Senhor, não te esqueças de mim! Senhor, não te esqueças!
Sobre seu ombro uma mão repousou. Voltou o olhar, era o sacerdote.
- Oi, filho. Escute, você está desempregado? Pois, tenho um emprego para você.
E encaminhou Rodrigo a uma empresa — não muito longe dali.
Entrando, a secretária lhe perguntou:
- Sim, o que o senhor deseja?
- Estou procurando emprego.
Aguarde um momento.
Minutos depois, estava admitido.
No dia 20 dezembro ali estava ele, agora com a família — convidado fora a participar com esta para festa dos funcionários e parentes, visto o administrador ter gostado muito da espontaneidade e a forma educada do rapaz.
Ao dispensar os funcionários para o feriado de Natal deu-lhe um adiantamento, de modo que, Rodrigo pode presentear suas crianças em tão iluminada festa.
Espero que o conto que retratei sirva de reflexão aos meus caros leitores, por quantas vezes estamos desesperados achando que tudo dá errado em nossa vida? Por quantas vezes pensamos “Deus nos esqueceu”?
Para Rodrigo, aquele pode não ter sido o Natal mais farto, nem sob sua árvore tiveram os presentes mais caros. Mas claramente, foi o Natal no qual ele ganhou o maior presente.
E até hoje ele se pergunta: onde estará aquele velhinho de barba branca, que mesmos os que naquela data estavam na praça, jamais haviam visto novamente?
Espero caro leitor que ele esteja bem próximo a você, para lhe desejar assim como eu: um feliz Natal!

Do livro: Os Mais Belos Contos de Natal Ed. 2010 - Ed. CBJE/BR Letras

sábado, 21 de agosto de 2010

PAIS E FILHOS

Existem certos momentos no quais, pego-me a refletir, sobre a desunião entre pais e filhos. Se o filho na verdade, nada mais é, do que uma extensão do seu pai, que num ato de amor juntamente com a mãe — e a benção de Deus —, implantou o gérmen que ao florescer originou — independente do sexo — a criatura que por si só é o orgulho do casal — seu bem mais precioso.
Ocorre muitas vezes, que este amado ser ao chegar aos anos do crescimento — adolescência —, acredita ter asas para voar — ou estar plenamente consciente das coisas do mundo — de modo, que a revolta surge contra seus pais — idem o mesmo, por parte dos progenitores. Situação ao qual, não posso compreender. Fato este, que nos dias atuais tornou-se uma constante. Um pai — o bom pai —, jamais há de orientar seu filho para que este siga o lado errado. Todo pai prega a honestidade, os bons costumes. O que ocorre — estes desvios — tem por influência as más-companhias.
Válido é ressaltar que a falta de diálogo, acaba por si criando um obstáculo entre gerações. Obviamente, isto gera uma crise familiar — infelizmente, chegando ao ponto de causar a separação do casal. Outra causa muito importante, vem a ser a falta de religiosidade no meio desta família. Sem Deus — sua presença viva —, é impossível trilharmos o bom caminho. Sem Deus, não há paz interior e simetria em qualquer lar.
É chocante ver, tantos lares desunidos — desunião esta iniciada obviamente por um simples conflito, ponto de vista divergente, entre o filho e seu progenitor. Ressalto, bons tempos — e que tempos! — ao qual o filho beijava a mão de seus pais esperando assim receber sua benção. Naquela época — não muito longínqua —, comum era pedir licença e agachar-se para passar entre duas pessoas. O filho saía de casa e, tanto a mãe quanto o pai diziam: vá com Deus. Simples frase que pronunciada com carinho, transmite uma segurança incalculável. Coisas quase não mais vistas na aurora deste século.
Nesta época — ao qual refiro-me —, era perceptível a harmonia no centro familiar, o respeito entre as pessoas. Época em que a palavra valia muito — era sinal de garantia, compromisso assumido.
Pena, os tempos mudaram. Com a evolução — a chamada modernidade, o espírito livre difundido pelos Iluministas —, agregamos a falta de respeito, a irresponsabilidade. Espero que estes dias voltem, que tudo seja como antes: mais amor, menos drogas — não, melhor sem drogas, ou vícios de qualquer espécie —, entendimento entre pais e filhos, povos da terra. Uma menor disparidade social — eu sei, sempre haverá a classe alta e baixa, todavia, injustiça e falta do mínimo de condição de higiene, sustento e hospitalar, é inadmissível. E que todos tenham paz interior. Um Deus reinando interiormente.
Então sim, teremos um mundo mais harmonioso, melhor para se viver. E não mais veremos esta contenda entre pais e filhos.
Diante do que acima escrevi, espero do fundo do meu coração — que você amigo leitor, e os seus — tomem estas linhas como exemplo, reflitam. Creia, ponha em prática. Em breve, irás perceber, tudo irá mudar. Mudar para melhor.

Autor: José Wilmar Pereira

MEU BAIRRO, MINHA RUA

Ressalto ser um fato verídico, o que narrei a seguir.
Sou morador há vinte e três anos da Rua Miguel Kunifas, bairro Dom Bosco, cidade de Itajaí, na Santa e Bela Catarina.
Em novembro de dois mil e oito, fomos surpreendidos por fortes chuvas que, por conseguinte, ocasionaram danos enormes.
Os principais rios que cortam nosso município, Itajaí Mirim e Itajaí-Açu transbordaram, causando alagamento em noventa por cento de nossa cidade.
Nosso bairro sofreu com o transbordamento do Itajaí Mirim. Foram cinco dias de desespero e preocupação.
Em minha residência a água chegou Domingo às dezoito horas, do dia vinte e três de novembro. Já tinha água no leito da estrada, mas, minha casa fica a um metro acima, com isso, só chegando a alagar perto da meia-noite. O ponto máximo da enchente, dentro de minha residência foi de sessenta e sete centímetros. Como moro em um sobrado, coloquei grande parte dos móveis no andar superior. Mesmo assim, tive algumas perdas reparáveis.
Ainda no dia vinte e três, às dezenove horas, já tivemos falta de energia. Perto das vinte e três horas, já não mais dispomos de água encanada e descarga nos sanitários.
Uma verdadeira operação de guerra foi feita através dos órgãos públicos (prefeitura, defesa civil e ONG’s não governamentais) para dar assistência as pessoas que necessitassem, pois, era grande o número de desabrigados.
A cidade ficou navegável em quase toda a sua extensão por lanchas de vários tamanhos, botes e jet-skis. Também, era grande o número de helicópteros sobrevoando o espaço aéreo, fazendo resgates diuturnamente.
É numa situação destas, que a gente sente na pele a dificuldade de muitas famílias por este Brasil afora. Gente que não possui água encanada, esgoto sanitário e às vezes não tem o mínimo de alimento para se sustentar.
Bem, a enchente passou. E o povo da minha cidade, da minha rua, mostrou a força que tem. Da enchente, restou apenas lembrança em nossa memória.
Em toda extensão da rua, nas calçadas, era grande o número de móveis e utensílios jogados. Mas, em um esforço coletivo e, em conjunto com a Prefeitura, foi levado para um local adequado e incinerado.
A Praça Jacob Ardigo está muito linda em toda sua extensão, onde podemos caminhar ou descansar em seus bancos.
O Parque Dom Bosco, que dá assistência a crianças e adolescentes, em menos de uma semana, pós-enchente, já estava funcionando, graças ao esforço de todos.
Para mim, que resido na Miguel Kunifas, ter vizinhos solidários sempre prontos para ajudar uns aos outros independente de qualquer situação, foi mais que um benefício, mas, uma lição de vida.
Recebemos ajuda de várias partes do país, num esforço grande, para amenizar a dor do povo catarinense, ao qual, coloco aqui, nosso agradecimento.
Pretendo pedir a Deus, saúde, para viver nesta rua que para mim é uma extensão do céu.

Autor: José Wilmar Pereira

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Desabafo

Por quantas vezes te presenteei
Muitas juras de amor fizemos um ao outro
Passamos horas trocando beijos
Quantas vezes pronunciamos eu te amo

Por várias vezes falastes, não vá
Insistia em pedir-me: fica
E eu na minha ignorância aliada ao machismo
Virei às costas e parti

Parti para novas aventuras
Tive amores platônicos
E aos poucos quebrei a cara
Vivendo completamente hipnotizado
Dentro de um mundo irreal

Quando voltei para a realidade
Te procurei louco de saudade
Encontrei-te, casada e feliz
E o que pude fazer? Nada

Hoje mereço viver o que sou
Um homem apaixonado por você
Triste, infeliz

Autor: José Wilmar Pereira - Do livro Vozes De Aço

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Que Povo É Este

Este povo que sofre
Com intempéries da vida
Lutando toda hora
Sempre caminhando em frente

No Sul sofre com a enchente
Tem muito desmoronamento
Devastando onde passa
Causando dor e lamento

Lá no Nordeste é a seca
Castigando aquele povo
Sofrido, mas lutador
Sempre apegado a Deus
Nosso Pai Protetor

Em São Paulo, as fortes chuvas
Provocando alagamento
Não escolhe rico ou pobre
Cai água a qualquer momento

Já no Rio de Janeiro
De beleza jamais vista
O alegre povo carioca
Às vezes baixa a crista

Aumentou a violência
Bala perdida, arrastão
Deixa muita gente triste
Exigindo solução

Mas nesta terra nós temos
Timbalada, Oktoberfest e carnaval
Boi-bumba, Trem do Forró
Frevo e muita coisa legal

É um povo trabalhador
Mas adora se divertir
É também hospitaleiro

É por isso que me orgulho
De ter nascido aqui
Neste torrão brasileiro

Autor: José Wilmar Pereira - Do livro Vozes de Aço

sábado, 1 de maio de 2010

Dia a Dia

Segunda-feira começa a semana
Tudo é alegria, sigo ao trabalho
Levo a vida de amor e esforço
Pois dá tudo certo e nada falha

Na terça-feira a luta continua
Saio apressado depois do café
Despeço-me da minha família
Beijo as crianças e minha mulher

Na quarta-feira é meio de semana
Levanto cedinho vou ler o jornal
Embarco no carro sempre apressado
É meu dever não chegar atrasado

De repente já é quinta-feira
É só correria de pra lá e pra cá
Como todo dia eu acordo cedo
Embarco no carro e vou trabalhar

Eu sou feliz durante a semana
Chegou sexta-feira ela acabou
Se existe algo muito fascina
É voltar do trabalho e beijar meu amor

Sábado e domingo tiro para descanso
Passear com a família, também relaxar
O tempo voa já é segunda-feira
É minha rotina voltar a trabalhar

Apesar de toda correria
Que tenho lutado pra vencer na vida
Mas de qualquer forma não dá pra reclamar
Pois sempre me sobra um tempinho
Para poetar

Autor: José Wilmar Pereira - Do livro Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos
59º

sábado, 24 de abril de 2010

Mulher Obra Divina

A mulher é mais bela arte
Que Deus num lampejo criou
Quando menina: brinca de boneca
Ao atingir a adolescência: já pensa em amor

Nós homens a chamamos: tigresa
De rara beleza, olhar atraente
É forte, meiga, dócil, carinhosa
Quando nos completa: formamos casal

Ela tem um grande poder
Conquista o coração do amado
E tendo a capacidade de gerar
A obra da criação

Estes versos dedico
A mulher empresária, política, educadora
Secretária, balconista, estudante
Enfim, a todas elas

Que sejam iluminadas por Deus
Tenham saúde para encarar a luta
E principalmente paciência
Para dar-nos carinho e afeto

Nós homens ficamos agradecidos

Autor: José Wilmar Pereira - Do livro Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos
60º

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Memórias da Minha Infância

Quanta saudade da minha infância
Acordar cedinho, ir à escola
Começando pelas primeiras letras
Desenhando na folha do caderno

Na hora do recreio, íamos brincar
Lanche: pão caseiro, banha de porco com sal
Os tempos eram outros – muito diferentes
Engraçado, comíamos e não fazia mal

Depois da escola ao voltar para casa
Num terreno grande a gente brincava
Carrinho de lata preso a um cordão
Uma bola de meia pra gente chutar

Televisão? Não se via falar
Feliz de quem tinha um rádio a bateria
Ferro de passar, aquecido em brasa
E a roupa lavada com sabão em barra

Rua calçada, a gente não via
Era chão batido para caminhar
Com os pés descalços à aula eu ia
Ninguém ousava falar, reclamar

No fim do ano chegava o Natal
Ficávamos ansiosos aguardando o presente
Coisa simples dadas com carinho
Felizes rezávamos: agradecidos, contentes

O tempo passou, tudo evoluiu
As coisas mudaram, o mundo cresceu
Sinto grande saudade do tempo de menino
Restaram lembranças neste peito meu

Autor: José Wilmar Pereira - Do livro Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos
61º volume

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Confesso: Tive Medo

Não seria capaz de maltrata-la
Pois, sinto por ti um amor profundo
Sentimento inigualável

Temos erros e acertos
Choramos, sorrimos, brigamos
Mas, jamais perdemos a essência de amar

Preocupa-me ao ver que o tempo passou
E o fim se aproxima
Como não posso pará-lo
As rugas marcam meu rosto

Tentamos, mas ele é implacável
Não nos dá sossego
Confesso: tive medo...

...Medo de ficar só:
Em plena velhice

Que tolice...
...Se tenho você

Junto vencemos vários obstáculos
Rejuvenescemos nosso espírito
Não posso ter medo
Com você junto a mim...
Ah! Ah! Ah!
Adeus medo!


Autor: José Wilmar Pereira - Do livro: Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 63